domingo, 15 de maio de 2011

Esse sou eu Sorrindo



Posso lhe contar um segredo? Estou triste. Esse sou eu triste, e continuo sorrindo. Eu pareço triste? Eu nunca pareço triste, e não acho legal que as pessoas tenham pena de mim. Eu vejo as pessoas todos os dias sorrindo, e as pessoas julgam tudo e todos. Sinto ojeriza só de estar perto de alguém assim. Eu pareço seguro não é? Olhe pra mim: sou auto-confiante certo? Não sou. Sou completamente inseguro, mas se eu demonstrar fraquesa é ai que eles se sentem bem, fazendo com que eu me sinta mal. Você acha legal? Eu não.
Eu não gosto de chorar nos dias de sol. Eu procuro chorar nos dias de chuva. Dias de chuva são tristes, a chuva me lembra lágrimas e camufla as minhas. Eu tenho me tornado cada vez mais “auto-suficiente”. Não preciso mais de cigarros, e nem sinto falta do àlcool, e os comprimidos estão guardados. Não tenho mais em quem pensar, talvez seja a hora de pensar em mim, certo?

Você não precisa chorar. Porque chorar? Ninguém merece suas lágrimas. Se te fizeram chorar não te merecem.

Eu consigo conter as lágrimas na maioria das vezes. Penso que ninguém me fez chorar. Eu chorei porque me permiti, a culpa foi minha o erro foi meu e de mais ninguém. Eu assumo as cicatrizes que permanecerão comigo. Preciso parar de pensar. Eu sento aqui, boto as pernas pra cima, observo ao redor e não existe nenhum som, à não ser o da minha respiração.

Seu coração parou?

Não, ele apenas cansou de gritar por quem não quis escutar. Olho pro teto, o vazio me incomoda. O teto é branco. Odeio branco, me lembra vazio. Eu colei uma estrela no teto, assim, eu fico pensando sobre a estrela e paro de olhar pro vazio.


Não tem nada aí dentro, só vento.

Eu me sinto vazio, e não falo sobre algum tipo de sensação. Falo sobre não sentir nada. Nada! Eu acho que melhor seria se eu tivesse colado no teto: “feche os olhos”, assim eu iria imaginar coisas, pois ao fechar os olhos tudo escurece, isso me faz imaginar: diálogos, situações, cenas, e eu ensaio o que dizer, decoro alguma coisa, imagino como me portar. Acho que na verdade seria bom escrever “desvie o olhar” mas desviando o olhar, eu olho pra onde? Da próxima vez, ao invés de uma estrela eu vou escrever no teto: “seja realista, sem ilusões”.
Eu sempre fui realista, talvez até um pouco pessimista, mas eu me permiti sonhar, sonhei e acordei, acordei porque caí, caí da cama porque sonhei, sonhei porque me permiti, me permiti e? Eu caí. A culpa não é das pessoas que me prometem coisas usando palavras bonitas, até porque eu nunca acreditei. A culpa é minha por saber que iria cair, mas pra viver o que tinham pra me oferecer decidi pagar o preço. Sabe o que eu descobri? Nem tudo vale o preço que se paga. É ai que eu começo a pensar que melhor seria morrer. Eu já me vi assim, e então eu seguro as lágrimas, o choro e penso por alguns minutos.


Se olha no espelho, pra quê? Porque? A culpa é sua? Em parte. Mas é experiência, certo? Mas isso vai passar, já que você não tem estado por perto.

Eu não vejo graça em ninguém, não tenho vontade de ninguém. E também, como teria? As pessoas não se valorizam, parecem eu. Eu não sou muito, mas tenho algum valor. Eu tenho, não tenho? Tenho, mas você não deu. Ninguém nunca dá, e é por isso que eu dou pras pessoas o que queria que dessem pra mim, e espero o pouco que elas tem pra me dar.
Me acostumei com a solidão, nós dividimos a cama. Eu me acostumei, mas queria trancafiar o medo meu vizinho de porta, para assim então fracionar da vida só sorrisos. O que eu escrevo no teto do meu quarto? Será mesmo que é preciso?
Quer uma receita pra morrer? Ame incondicionalmente, trague cigarros, inspire cocaína, beba uma dose de absinto, e sinta falta.   ( Victor Mooraes )

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