domingo, 1 de janeiro de 2012


Horas intermináveis de medo - que me ensinaram algumas coisas.
Já era cinco da manhã quando eu decidi me deitar. Antes de dormir eu tinha assistido alguns seriados de terror, mas eu não tinha medo. Tranquilo, como todos os outros dias. Janela fechada, porta trancada, quarto bem escuro… Até então estava tudo normal. Passaram-se 10 minutos, 15… E o sono vinha aos poucos.Eu já estava quase dormindo quando ouvi um barulho muito alto de vidro quebrando. Eu não sabia de onde vinha, só sabia que era de muito perto. O estouro foi enorme, ainda mais com a casa toda em silêncio. Entrei em choque. Não sabia o que era, por quê tinha acontecido…Eu não conseguia me mexer, meu coração batia mais forte do que nunca. De primeira achei que algum ladrão tinha entrado no meu quarto. Tolo eu, a porta estava trancada.Fiquei imóvel por duas horas, e só passavam-se besteiras pela minha cabeça. As cenas e as palavras dos seriados invadiam a minha mente. Eu me lembrava que em um deles dizia que espíritos gostavam de assustar os humanos abrindo e batendo portas, ligando e desligando eletrônicos, movendo e quebrando objetos. Eu suava frio. Passaram-se duas horas e eu não conseguia dar um movimento sequer. Ficava virado para a parede, como uma estátua.O gato miava alto no quintal. Eu não gostava daquilo. Quando eu achava que o medo tinha passado, eu ouvia outros barulhos que me assustavam novamente.Poderia ser qualquer copo que eu tivesse trazido da cozinha para o quarto e deixado na beirada de alguma coisa antes de me deitar. Mas eu não havia trazido copo nenhum para o quarto. Era estranho.Decidi enfrentar todo aquele medo. Me virar, gritar para a minha mãe e ver se ela me confortava, ver se ela também tinha ouvido alguma coisa. Até porque, nessa hora eu já não sabia mais se tinha sido apenas imaginação. Demorou um tempo. Minhas roupas já estavam molhadas de tanto suor frio. Gritei. Gritei até alguém acordar.A primeira evidência estranha: Minha mãe tinha conseguido abrir a porta sem que eu me levantasse da cama. Como? Eu havia trancado.Ela também tinha ouvido o mesmo barulho, e me disse que tinha vindo lá de baixo, da cozinha. Mas eu tinha ouvido aquilo tão de perto, não poderia ser… Olhei ao redor do quarto e notei que meu copo de enfeite que ficava em cima de um cubo de parede, bem no alto, não estava mais lá. E faltavam livros no cubo também.Era o copo que tinha caído. Aquele copo que não mexíamos a semanas, e que ficava bem no meio da estante. Como ele teria caído de lá? Nem ao menos tocamos em nada daquele cubo.Perguntas sem respostas, eu tentava encontrar uma razão natural para o acontecido, mas nada me vinha a cabeça, a não ser besteiras. Não poderia ter sido o vento, o copo era pesado e as janelas estavam todas fechadas.Eu literalmente não dormi. Até tentei, mas já não conseguia mais. Foram horas intermináveis de medo, foram as horas mais aterrorizantes da minha vida. Até porque, quando pequeno eu já tinha visto coisas estranhas relacionadas à espíritos.De manhã, minha mãe e minhas irmãs saíram, e eu fiquei sozinho em casa. Com o coração acelerado, sem parar de olhar para os lados. Estava traumatizado. Com medo, muito medo. Mas não demorou muito a sumir.Aliás, eu tenho muitos medos. Alguns bobos, como este. Mas outros um pouco mais naturais. E sabe o que eu aprendi com isso? Que alguns medos, tipo esses, não demoram a passar. Mas outros vivem com você, ali dentro. Para sempre, e só se quebram quando eles se concretizam. Como o medo de perder alguém.  João Pedro Bueno (sabedorias) 
Aliás, eu tenho muitos medos. Alguns bobos, como este. Mas outros um pouco mais naturais. E sabe o que eu aprendi com isso? Que alguns medos, tipo esses, não demoram a passar. Mas outros vivem com você, ali dentro. Para sempre, e só se quebram quando eles se concretizam. Como o medo de perder alguém.  

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